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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NOITE DE INSÔNIA













Numa noite negra, um homem se debatia em seus pensamentos, a noite virou dia, o homem adormeceu sem ter encontrado a solução para o problema que se lhe impusera.

Sim, ele próprio inventou o problema: achar e colocar um verdadeiro representante do povo brasileiro no topo de um dos poderes da república.

Sabia das dificuldades que iria encontrar, ao contrário do que muitos pensam, a nomeação de alguém para um tão alto cargo na república não era obra de um só homem,  mas de inúmeras forças internas e até externas que exercem pressões para levar ao cargo pessoa de sua confiança. Nesta briga de foice no escuro, geralmente quem leva a melhor são as forças produtoras, os homens que detém, na realidade, o verdadeiro poder. Muitos pensam que um presidente ou primeiro ministro de um país exerce o poder, mas não é verdade, quem exerce o poder são os grupos que detém os meios de produção. De concreto, um presidente ou primeiro ministro não está no poder, está no governo, que são conceitos totalmente diferentes. O governo é exercido por alguém em nome dos que detém o poder, somente em alguns casos, as forças produtoras colocam no governo um homem de seu meio, um banqueiro, um industrial, um alto comerciante, mas em geral os políticos são pessoas da classe média a serviço da classe dominante.

Em 1954, ano da morte de Getúlio Vargas, nascia em Minas Gerais na pequena Paracatu um menino, filho de um pedreiro e de uma doméstica. Era o primeiro entre oito que fabricara o velho, que parecia saber trabalhar bem à noite, embora com mãos calejadas do bater  do martelo, do manejar a colher, do mexer em pedras e tijolos.

A cidade tem seu nome herdado do Rio Paracatu que em Tupi significa rio bom ou rio bonito, pará é rio,  catu  é bom, bonito. Nela cresceu um de nossos  personagens deste romance meio picaresco, como quase tudo em terras tupiniquins. 

Pouco tempo tinha o menino para colher a guabiroba, fruta abundante na região, pois a labuta diária na ajuda ao pai não lhe permitia horas de recreio, como aos demais meninos de sua idade. E sua luta se intensificou quando viu seu pai se separar de sua mãe, tornando-o praticamente o chefe de família, como era comum naquelas eras. O primogênito carregava o bastão na falta do pai e era até o senhor da educação dos irmãos mais novos.

No mesmo mês em que nascera em Paracatu, outro menino igualmente ou talvez mais pobre, nasce em Pernambuco, na cidade de Caetés, de pais lavradores, também sem televisão e certamente sem tostão,  o sétimo de uma prole de oito filhos. 

Como faz filho o pobre! Não era irresponsabilidade. Em outras épocas a prole numerosa podia ser a fortuna dos pais, pois todos trabalhavam e  terminavam por ajudar no orçamento doméstico. Hoje que se proibiu a criança de trabalhar é que foram aparecendo os pequenos infratores, visto que a solicitação do mundo moderno, o apelo ao consumismo enchem os olhos dos miúdos, como dizem os portugueses, e por falta de dinheiro, já que não trabalham e os país não no tem, partem para a rua e o final é o que se vê na atualidade. Os infratores juvenis. 


Ficava-se sem infância, os sonhos da juventude  perdidos, o que não deixava de ser uma violência, mas se perdia a inocência, ganhava-se em responsabilidade. Hoje a criança não brinca mais de negro fugido, roda bandeira,  roda ciranda. É pregado na televisão vendo toda espécie de violência e apelos ao consumismo, jogando-se assim o adolescente nos braços de traficantes e toda espécie de criminosos na esperança de comprar com o ganho,  além da comida para casa, a roupa de grife, o celular de ultima geração, criando-se uma verdadeira falange de jovens infratores que em sua maioria não chega aos vinte anos, pois são logo mortos pela polícia, quando não se matam a si próprios, na luta por pontos de drogas ou qualquer outra atividade não regular.